Apressada
na rua lá eu ia, como se conseguisse segurar o tempo e dizer: Venha cá! Espere-me!
E
quando se anda às pressas deixamos de observar ao redor, concorda?
Pois
bem, assim estava descendo uma ladeirinha do bairro em que moro, até que uma pequenina
pedra surgiu em meu caminho. Pra falar a verdade senti-me tomada pela sua presença e pronto, levei uma topada.
Outrora falaria inúmeros adjetivos horríveis com a pedra, e ainda colocaria sobre
ela todas as minhas frustrações. Que ingenuidade, ou ignorância mesmo?
Concordo
quando dizem que existe o ponto de mutação em tudo, em qualquer momento ou
situação, insight que nos leva a algum estado interior em que tudo se
transforma. E foi isso que aquela bela topada fez comigo.
Ao
tropeçar, meu corpo em velocidade além do natural foi lançado para frente e
junto com ele a minha ridícula intenção de controlar tudo em minha volta. Essa ilusão
de posse que criamos para nos sentirmos “seguros”.
Pois
bem, nesse momento percebi a topada de outra forma. Primeiro notei que
necessitava de calma, pois o único momento em que eu existia, vivia e era,
era aquele; e se eu não estivesse bem, os demais poderiam ser piores. É mais ou
menos aquela história: um abismo leva a outro.
E senti-me: respiração ofegante, coração acelerado, boca seca. O quanto nosso corpo
fala e muitas vezes não notamos. Observei-me e refleti que naquela
pressa desesperada eu mais parecia um bicho acuado.
E lá
se foi eu a pensar no porque estava daquela maneira. E mais uma vez notei-me tentando, sim, por que isso é uma tentativa, e frustrada, de controlar a
situação.
E mais
uma vez a “topada” mostrou-me quem na verdade eu era de fato. Por favor,
não se assustem comigo por que todos nós temos os dois lobos, mas como dizem,
sobrevive aquele que alimentamos.
E um
desses estava a rosnar irritado buscando manipular minha intrínseca realidade, mas eis que apresentou-se um
raio de lucidez, ou será loucura? E eu quis experimentar algo
diferente. Isso é o que dar ser livre. A liberdade nos diz “você PODE se quiser,
ESCOLHA!" E eu quis. Quis sentir algo novo, e escolhi parar com toda aquela
pressa e tranquilamente observar o caminho até a parada onde encontro o busão da Jaguarana.
Foi
uma escolha de mudança sensacional. Senti como se estivesse numa estação agitada e escolhesse mudar de estação. Escolhi uma estação tranquila.
Olhei
para o chão e não consegui ver a pedrinha que me fez tamanho bem, mas sei que
ela lá estava dando-me mais uma lição para viver melhor.
Sorri
a saborear os prazeres da vida, e continuei a caminhada pensando como a vida é
bela, que espetáculo de grande porte fazemos parte.
Estar
aqui é algo que transcende a realidade física. Estar aqui e agora é o único momento em
podemos dizer “Eu Sou”.
Namastê.
Intuística

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Ana Paula